Pedidos de estrangeiros para morar no Brasil atingem o maior patamar em 9 anos
Foram 3,4 mil autorizações por mês no 1º semestre. Carros elétricos e comércio marítimo ajudam a explicar.
O país fechou o primeiro semestre com residência autorizada para mais de 20 mil estrangeiros de 154 países diferentes, segundo as estatísticas de imigração laboral divulgadas em 31 de julho pela Coordenação-Geral de Imigração Laboral (CGIL), órgão do Ministério da Justiça que emite as permissões segundo regras já estabelecidas pela política migratória brasileira.
Pela tendência registrada em 2024, o perfil de quem pede para viver no país é homem, entre 30 e 45 anos, altamente escolarizado e contratado por empresas estrangeiras para prestar serviços pontuais em solo (ou águas) do Brasil.
Entre janeiro e junho foram 20.691 concessões. Dá 3.448 por mês, em média. Uma alta de 63% em relação à média mensal do primeiro semestre de 2023, e a maior desde 2015.
A China foi a principal nacionalidade, com 3.349 concessões em 2024, 558 por mês. A razão da onda de montadoras chinesas chegando ao país.
O fenômeno aumentou a competitividade no mercado automotivo. As montadoras que já estavam instaladas aqui, então, passaram a chamar mais estrangeiros, de diversos países, para fortalecer seus quadros.
Logo atrás da China vem o Haiti, com 2.531 vistos de residência no primeiro semestre. Neste caso, porém, não se trata de uma demanda do mercado de trabalho, mas de acolhimento humanitário.
Já o fluxo vindo da Venezuela tramita diretamente via Polícia Federal, sem detalhamento sobre os detalhes laborais. Entre janeiro e julho, foram mais de 48 mil registros de residência por meio de medidas “excepcionais e temporárias” publicadas desde 2020.
Voltando à imigração laboral, completam o top 10 em 2024 os estrangeiros vindos de Filipinas, Estados Unidos, Reino Unido, Índia, Itália, Alemanha, Japão e Bangladesh, nessa ordem.
Considerando todo o período entre 2016 e junho passado, Filipinas é o país que mais acumulou permissões de residência no Brasil, com total de 21.847.
Temos tantos filipinos, por conta do crescimento das exportações, sendo boa parte delas por via marítima. Em 2016, o Brasil exportou US$ 242,4 bilhões (em valores corrigidos pela inflação). Em 2023, US$ 339,7 bi. Um aumento de 31%. Num horizonte maior, o aumento é brutal: 840% desde o ano 2000.
Um quarto de todos os trabalhadores marítimos do mundo são filipinos. E alguns milhares deles atuam no Brasil. A maior parte, embarcados. Descem pouco em terra. Tiram a autorização de residência, mas não se fixam, segundo a CGIL.
Enquanto os chineses são majoritariamente técnicos e os filipinos atuam basicamente na marinha mercante, de Camarões vieram 543 pessoas para atuar especificamente como atletas profissionais de futebol. Curiosidade: outros 11 vieram como treinador ou preparador físico. O total foi de 553. Ou seja, apenas um veio com alguma ocupação não ligada ao futebol. Outros 454 cidadãos de Bangladesh conseguiram visto para trabalharem como abatedores –
90% do total de ocupantes dessa função.
Já 86 japoneses têm o cargo de diretores de empresas e 75 cidadãos dos Estados Unidos receberam autorização para atuarem como missionários.
Os números da CGIL incluem países do Mercosul, mas em menor número, já que um acordo permite que os cidadãos do bloco possam solicitar residência no Brasil diretamente na Polícia Federal.
Foram mais de 37 mil no total do ano passado, aumento de 18%. No primeiro semestre, segundo levantamento do Obmigra feito a pedido do InvestNews, já foram 18 mil, média de 3 mil por mês, com destaque para Argentina e Peru, que mantêm média mensal acima da de 2023.
Sobre nômades digitais, Pabis, coordenador da CGIL, diz que o número no Brasil ainda é baixo por dois motivos. Primeiro, pela dificuldade de comprovação de renda mínima, exigida pela nova portaria. Em segundo lugar vem o desconhecimento das regras.
Fonte: https://investnews.com.br/infograficos/imigracao-de-estrangeiros-para-o-brasil-bate-recorde/
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